Todas as publicações com a tag: Rede Andarilha

Anna Cunha [Belo Horizonte, MG]

Anna Cunha é mineira e cresceu cercada de silêncios, leituras e desenhos. Da sua curiosidade enorme pela natureza, se formou inutilmente bióloga. De pequena, sua paisagem são as montanhas de Minas, desde o sítio do pai encrustado na Serra da Moeda, à cidade de sua mãe aos pés da Serra da Canastra e na nascente do Rio São Francisco. Descalça, no alto de uma jabuticabeira, Anna foi criada a pão de queijo e doce de leite, folia de reis e procissão, Guimarães Rosa e Drummond. Já passou um tempo morando na Alemanha e em Barcelona, mas não se vê vivendo em outro lugar que não Belo Horizonte. Mas isso nunca a fez menos Andarilha, pelo contrário. Foi a herança mais preciosa de seus pais conhecer o mundo: “essa necessidade vital de me perder, em busca de paisagem, pessoas e culturas desconhecidas; essa necessidade de reinventar o meu olhar, voltar à nascente de ver e sentir pela primeira vez. Uma vontade de deixar meu mundo pra trás e sair sem bagagem, pra ter espaço vazio, pra recolher a jornada, os encontros, as descobertas. pra …

Carol Hoffmann [Rio Grande, RS]

Carol Hoffmann compartilha comigo a herança de uma história de vida de sua avó materna muito inspiradora. Nascida na Austria, entre idas e vindas entre Alemanha e Brasil, sua avó é uma mulher que sempre buscou a felicidade mesmo que isso significasse se separar do marido em plenos anos 40/50 e vir de navio com seus filhos para o Brasil. Com uma família que ganhou o mundo, Carol nasceu em Petrópolis (RJ), estudou na cidade do Rio de Janeiro (RJ) mas já morou em diversos lugares pelo Brasil, como João Pessoa (PB), Petrópolis (RJ) e Porto Alegre (RS). Mas foi na sua cidade natal que Carol se casou e teve dois filhos. Não durou muito, a inquietação os fez pegar a estrada rumo a cidade de Rio Grande, no sul do Rio Grande do Sul. Andarilhar faz parte de sua história: “Não dá para dizer que existe um lugar preferido, todos tem seu significado, sua história e momento particular. Cada uma destas moradas têm seu lugar no meu coração e na pessoa que sou hoje.”   Conheci a …

Carolina Nogueira [Brasília, DF]

Carolina Nogueira herdou da avó materna tios e primos pelo Brasil e da paterna um pé na Escócia e uma mania por correspondências. Nasceu nessa cidade-migração que é Brasília, mistura de sotaques, de gostos, de pratos típicos, e que traz referências de todos os cantos do Brasil e até do mundo. Foi viver na França uns anos, onde se descobriu mãe e mais um punhado de coisas que ela compartilhou em um diário chamado Le Croissaint. É que Carol é jornalista, ilustradora e mestra em literatura. Escreve com a mão esquerda. Literalmente. Trabalha na TV Câmara, fazendo cobertura política na Câmara dos Deputados. Mas também escreve para outras revistas, especialmente a revista francesa Citrus. É autora e ilustradora de um livro infantil chamado A Rua de Todo Mundo.  E não pára por aí: De volta à vida em Brasília, reinventou a sua antiga morada em um exercício diário de andarilhar pela própria casa e fazer um blog com sua amiga, Dani, sobre a cidade – o Quadrado. Por aqui, Carol vai nos mostrar um pouco das pedrinhas que …

Cecília Garcia [São Paulo, SP]

Cecília Garcia é de São Paulo, capital. Seu peculiar amor por animais me fez pensar em origens outras. Mas ela nasceu foi numa casa de pessoas inventivas e inquietas. Filha de um pai gambiarrista que inventa e conserta qualquer coisa que colocar na mão dele e de uma mãe de alma livre, que acredita em duendes, ocultismo e tudo o que é espiritual, é ela uma criança de caçar insetos e fazer bolo de terra no quintal. Quando tinha quatro anos, morou em Uberlândia, Minas Gerais. O pai, mineiro, tentou a vida por lá um tempinho. Apesar de não ter quase idade, ela se lembra de tudo de maneira muito vívida: como o ar era seco e dourado fazia coçar o seu nariz; como ficava triste ao ver uma jibóia que morava numa gaiola no Parque Sabiá; como seu maior tesouro era um álbum de figurinhas de dinossauro. Ceci é escrita. E trabalha como jornalista fazendo matérias de educação e inovação e como curadora de conhecimento. Eu a conheci no Espaço Húmus, canal de arte e cultura …

Suelen Silva [Belém do Pará, PA]

Suelen é filha de uma paraense e um maranhense. Tem a figura de sua mãe como base e centro, uma mulher forte e sensível. Ela, aliás, teve a sorte de fazer parte de uma grande família repleta de mulheres “chefes de família”, onde cada uma a seu modo é um grande exemplo.  Mestre em Ciências Sociais/Antropologia, teve a oportunidade de vivenciar o dia a dia em Porto Alegre por alguns meses, como pesquisadora visitante do Núcleo de Antropologia Visual da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Experiência que confirmou sua paixão pelo exercício de se deslocar: “Cada lugar nos toca de forma distinta e essa é a magia do ato de se deslocar – seja um deslocamento geográfico, seja um deslocamento do modo de olhar o outro ou a si mesmo.”   Em seus estudos e pesquisas, Suelen sempre se voltou para os saberes e fazeres no Pará, pesquisando sobre o discurso do “dom” existente pelos produtores das olarias de cerâmica de Icoaraci (distrito de Belém) e sobre como as narrativas dos pássaros juninos (tipo de brincadeira/teatro popular existente somente no …