Há alguns anos, no campo da cultura, o cuidado com o patrimônio ferroviário ganhou evidência. Após a desativação de muitas ferrovias no Brasil devido, entre outras coisas, às dívidas contraídas pela Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima – RFFSA e ao desequilíbrio técnico-operacional decorrente da degradação da infraestrutura, entre os anos de 1980 e 1992, muitas ferrovias foram privatizadas e abandonadas.
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Em Arcoverde, Sertão do Moxotó, Pernambuco, não foi diferente. A história da cidade perpassa também a da Estação Ferroviária Barão de Rio Branco. A estrada de ferro teria, segundo a prefeitura, intensificado o comércio e possibilitado a elevação da cidade à categoria de município. A Estação foi inaugurada em 1912 e desativada por volta da década de 1980.
Após anos de abandono, em 17 de novembro de 2001, um grupo de artistas pulou, pela primeira vez, os muros da estação e desde então ocuparam o local com o objetivo de realizar atividades culturais. Em 2004 a estação foi certificada pelo governo federal como o primeiro ponto de cultura do Brasil. Passou a ser conhecida como Estação da Cultura e abriga diversos grupos culturais da cidade.
Para comemorar o aniversário da Estação e homenagear o nascimento do mestre Jimmy Web, ainda vivo e brincante de boi, Everaldo Marques, presidente da Associação de Bois e Similares de Arcoverde e coordenador do grupo Boi Maracatu, resolveu promover um grande encontro com os grupos de Bois e Ursos de cada comunidade.
Everaldo me conta que essa é uma tentativa de engajar diversos grupos nos movimentos culturais de Arcoverde. A La Ursa é uma manifestação que vem perdendo força: um conjunto de dois homens; o “urso”, isto é, um homem vestido de urso; e o outro, o “domador”, também chamado “O Italiano” e “O Comandante”. No Brasil, essa foi um brincadeira trazida por italianos e espanhóis e é frequentemente encenada com uma terceira figura, “O Caçador”, um tipo de folião ou palhaço, que conduz uma velha espingarda e dá tiros cada vez que parece o “urso” tenta escapar.
O 1º Encontro de Bois e Ursos de Arcoverde foi uma grande farra, na rua, “no meio da zuada e na contra mão”, como canta Mestre Ambrósio.
Por Tiago Henrique, fotógrafo e andarilho, colaborador da Nossa Rede. Fotos: Tiago Henrique.
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