Louriza: uma “ideiera” por definição
A melhor forma de começar Andarilha é aqui: Mato Grosso. Onde viveu grande parte de sua vida, minha avó. De nordestina tinha meio e o outro meio, desconfio, era mineiro. Já o seu coração era inteirinho esse calor. “Você é neta de Josélia? Você se parece com sua vó”. Recebi o elogio com dentes amarelos de quem emenda o café com o almoço e a janta de tanto saborear a terra da farofa de banana. Assim conheci Louriza, coordenadora do núcleo “Bordadeiras da Chapada dos Guimarães”. Se perguntá-la, ela dirá que é “ideiera”, como dizia seu pai quando ela, de pequena, já inventava e imaginava palavras, coisas, cores. Antes de abrir as portas de sede das bordadeiras, Iza, como é carinhosamente chamada, nos convida para um copo d’água em sua casa. Espio 3 ambientes de cozinha, uma com fogão a gás, outro com fogão a lenha e um último com um forno de barro. “Você gosta de cozinhar, é isso?” fico curiosa. “Gosto de cozinha. Mas gosto mais mesmo é de reciclar as coisas. Veja esta porta: madeira de carroceria de caminhão. Tudo o …