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Orgulho dos pais, Clemilton esculpe uma família

Quem trabalha com arte e cultura sabe. Quantas vezes você já foi desencorajado a seguir esses passos? Quantas pessoas já te chamaram a atenção para possíveis apertos financeiros, para as questões de ego, para algumas dificuldades? Em uma família de advogados, economistas e engenheiros, compreendo de alguma forma esse lugar. Por isso, conhecer Clemilton foi marcante. Quando nos falaram de um novo talento em Mata da Onça, região próxima à Ilha do Ferro, fomos lá conhecê-lo. Vilarejo lindo. Lindo. Essa paisagem vou guardar pra sempre na lembrança. Na fachada da casa, um brasão enorme do time da família: o Vasco. Um bar de um lado, uma morada do outro. Entramos na sala e a família toda veio nos receber. Clemilton é um moço jovem, tímido, quieto. Fica ao fundo buscando as esculturas de madeira a cada palavra alternada pelo pai e pela mãe. Sim, nunca vi pais mais orgulhosos. A cada pergunta que eu fazia eles disputavam qual peito era mais inflado de amor pelo talento do filho. Sabe aquela expressão “dá gosto”? Deu. Muitos dos …

“Bailes do Brasil”, por Jum Nakao e Ricardo Feldman

Em visita à exposição “Bailes do Brasil”, me encontrei. Há alguns anos eu pesquiso sobre as “entidades” brasileiras e busco sedenta por esse olhar contemporâneo para a tradição. Um jeito de ver que não está viciado em regionalismos ou apenas nas tradições. Mas que consegue compreender que a nossa raiz é mais ampla – é também toda essa antropofagia de encontros de culturas. Olhar esse que traça nas fotos do I hate flash e Verger, nas músicas estrangeiras e brasileiras, no erudito e no popular, um ponto de conversão: o nosso modo de ser. Por aqui os curadores Jum Nakao e Ricardo Feldman se encontram para fazer um relato sobre o processo de fazer a exposição:   Não é apenas a terra ou a língua que nos une, são nossos trajes e trejeitos, nossos sons e movimentos, é a ginga suave de nossos pés.   Em geral, os registros da fotografia de moda não retratam o que realmente se tornou moda ou refletem os modos do povo de um país. Percebemos que o ato de se vestir, como forma ritualística e identitária, acontece com frequência …

Exposição Ver do Meio, por Pio Figueiroa

Andarilha é sobre caminhos e percursos. Por isso, abrimos um espaço para integrar todos aqueles que querem compartilhar suas andanças e processos criativos para fazer um filme, uma foto, um documentário, um livro, uma comida, uma música: arte.  Começamos o Diário de Bordo com um relato do fotógrafo Pio Figueiroa, que trouxe o seu estado de Pernambuco para São Paulo e a presença (de volta) à fotografia:  “No próximo dia 27 de maio, entra em cartaz a exposição Ver do Meio, um trabalho de Nelson Brissac, que provocou três fotógrafos a apreender uma cidade que “não se dar a ver”. Faço parte desse grupo ao lado de Arnaldo Pappalardo e Mauro Restiffe e a exibição acontecerá no Instituto Tomie Ohtake. Relacionando uma percepção de São Paulo com um procedimento artístico, eu recomeço. Há pouco mais de uma década, constituí um coletivo, a Cia de Foto, que cumpriu sua trajetória e a concluiu em 2013, término que me devolveu algo irredutível: sou um fotógrafo criado na prática, na rua, na construção de cenas que obrigam presença. O modus operandi daquele tempo …