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Por que você fotografa? Por Tiago Silva

Tenho certeza que a hora que eu encontrar Tiago Silva, a gente vai se perder contando histórias. É ele quem dá linha à prosa boa sobre fotografia e conta muito sobre sua trajetória de vida e como isso influencia diretamente o seu trabalho. Um dos membros do recém criado Coletivo Nação, Tiago largou São Paulo pelas raízes pernambucanas e relata aqui um pouco de seus passos: • O que é o Coletivo Nação? O Coletivo Nação é um projeto que eu e mais 12 amigos de distintas regiões do país começamos a desenvolver em Fevereiro deste ano, com o objetivo de criar relatórios visuais que destaquem as idiossincrasias do Brasil. Com uma abordagem que almeja ir além dos esteriótipos, das festas populares, da religiosidade, o que nós buscamos são momentos do cotidiano que identifiquem aspectos da identidade brasileira que, quando somadas, revelem a pluralidade do nosso país sem perder de vista as similaridades dos fazeres que nos identificam como Nação. Esse pensamento é apoiado em diversos fatores, talvez o principal seja justamente a estereotipação da cultura regional brasileira, muitas …

Por que você fotografa? Gabo Morales

Foi Claudio Silvano quem me apresentou o trabalho de Gabo Morales e algumas boas leituras sobre fotografia. Inspirada em um dos livros indicados, começo uma série de entrevistas: Por que você fotografa? Conheceremos uma São Paulo verde. Caminharemos pelo estado de Tocantis por estradas percorridas coletivamente. Iremos na direção dos movimentos imigratórios. Vamos transitar entre as fronteiras da fotografia documental e não documental. Tantos lugares para entender o motivo pelo qual o fotógrafo, Gabo Morales, é. Marsilac, SP Em seu trabalho autoral, Marsilac, você mostra uma São Paulo verde. Como você chegou ao local e à ideia de criar esse trabalho? Como é fazer esta pesquisa fotográfica durante mais de 5 anos? Eu estava em busca de um território onde trabalhar. Qualquer território, em qualquer sentido. Em 2012 tive uma pequena revelação quando fazia uma pauta como repórter fotográfico de um jornal. No extremo da Zona Leste, enquanto – eu e o motorista – aguardávamos a chegada de um personagem da reportagem, comecei a prestar atenção no movimento na rua. Era uma avenida comercial cujo nome desconheço até hoje. Bem …

Rio Grandes, por Pablo Pinheiro

Caminhando pelo Brasil, sempre me pego pensando como algumas pessoas possuem similaridades mesmo morando à distâncias grandes umas das outras. Como os gaúchos e os potiguares. Rio Grandes que têm em comum a figura do vaqueiro. Foi Iana Soares quem me mostrou o ensaio “Uma tradição nos Rios Grandes: a imagem do vaqueiro contemporâneo em transição”, do fotógrafo Pablo Pinheiro. Fiquei encantada com o seu olhar atual para a tradição e o paralelo que ele criou entre as diferentes culturas e regiões através das pessoas. Nesse ensaio em preto e branco, o humano é a nuance que transborda margens. Contemplado pelo XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, é sobre esse trabalho que Pablo relata seu processo criativo aqui: Uma coisa muito interessante de todo esse processo do RIO GRANDES foi, é e será, o meu envolvimento com a aprendizagem. Começa por eu ter tido uma formação na cidade, e em um determinado momento da minha vida, ter passado a perceber (também) o universo rural. Uma percepção que me gerou uma curiosidade, que me fez criar uma ação de conhecer e …

A luz do sertão nas marcas de gado e gentes, por Iana Soares

Quando eu vi o ensaio da jornalista e cientista social, Iana Soares, “Sertão a Ferro e Fogo”, traçando o trajeto das marcas do ferro pelo sertão cearense, não tive dúvida. Convidei-a para contar um pouco sobre este seu trabalho como editora de fotografia do jornal O Povo. Depois de ler sobre sua caminhada, fiquei com a impressão que esses passos deixaram também marcas em Iana, que seguiu solta de Fortaleza para Barcelona para fazer um mestrado, mas levando sempre o sertão em si: https://youtu.be/YcWXMbjKKy8 A dúvida e o desconhecido movem o passo e desenham os encontros dos que escolhemos o caminho do jornalismo. As histórias dos outros escrevem também a nossa, nas trilhas dos pés que pisam o asfalto e também a terra amarela, marrom e vermelha do semiárido nordestino. Se na vida colecionamos poucas certezas, uma das que costurei sob a pele é a de que o sertão é infinito. É o território do paradoxo e da invenção. Nos dias feitos de esperança, é sempre fim e recomeço. Chico Gomes, ferreiro habilidoso do distrito de Santa …

Vilanova Artigas, o arquiteto e a luz; por Laura Artigas

Como será ser neta de alguém tão importante para a história da arquitetura brasileira como Vilanova Artigas? Foi quando visitei a Ocupação Vilanova Artigas no Itaú Cultural que pensei em escrever para a cineasta Laura Artigas, sua neta, convidando-a para contar sobre a co-direção do documentário Vilanova Artigas, o arquiteto e a Luz. Por aqui ela compartilhou um texto escrito com muito carinho sobre todo esse seu processo de criação:  O professor de roteiro advertia que adaptar uma história real para a ficção pode ser uma tarefa árdua. Um roteiro de ficção precisa de uma estrutura, e de certa lógica, já os fatos da vida real nem sempre fazem sentido. Em 2009 me deparei com vida de Vilanova Artigas acumulada em caixas e pastas em um quatro na casa dos meus pais. Desenhos e mais desenhos. Artigas foi um arquiteto do “breve século XX”, segundo o conceito do historiador inglês Eric Hobsbawm. Ele nasceu durante a Primeira Guerra e morreu antes da queda do Muro de Berlim. Era comunista. E pôde viver a Guerra Fria que pautou …