Todas as publicações sobre: mulheres

“Meu movimento de autoexílio busca por compreender o aqui”, Eliza Capai

Ouvir a voz doce de Eliza é se deliciar com suas histórias e se inspirar na sua pessoa de coração inteiro, mesmo quando partido. Inteireza é a palavra. Imagino que, este movimento de estar totalmente presente por onde anda, traga muitos questionamentos, conflitos, angústias. Mas sinto que é o seu jeito de ser – em si. Nunca antes uma entrevistada me ensinou tanto sobre esse estado que busco: ser andarilha. Não só pelos seus deslocamentos físicos, mas pela sua vontade de se conhecer através do outro. Seja aqui, no sertão, do outro lado do mundo. Aliado a isso, Eliza transborda todas as fronteiras para aquela que a muito inquieta: a do gênero. Que prazer poder abrir essa Semana Especial Andarilha com sua voz, Eliza: A: Você se apresenta como uma documentarista itinerante. Como jornalista, de onde vem a sua paixão pelo documentário? E: Eu sou filha de fotógrafo e fui fazer curso de jornalismo. Bem no início da faculdade, eu que gostava muito de escrever comecei a ficar um pouco decepcionada de como me ensinavam …

Raquel Rodrigues convida Daniela Paoliello

Quando conheci a pesquisadora Raquel Rodrigues, ela fez questão de me mostrar um livro de uma artista, Daniela Paoliello. Convidar Daniela para uma entrevista foi também abrir espaço para apresentá-la de outra forma: através da Raquel. Esta é uma entrevista feita de um jeito especial, um diálogo entre 3 mulheres: editora, pesquisadora e artista. Que prazer: Dos caminhos de Daniela Paoliello: algumas observações “de dentro” Por Raquel Rodrigues Talvez seja difícil, para mim, falar do trabalho de Daniela Paoliello sem tomar como ponto de partida nosso encontro. Dani – assim a reconheço e a torno íntima – foi uma colega de faculdade que optou por passos institucionais parecidos com os meus; alguém que se tornou uma parceira em muitos trabalhos e discussões, que aconteceram dentro e fora de sua produção, tal como pretendo apresentar aqui. É deste lugar, do lugar da amizade, que falo do seu trabalho artístico. Por isso, proponho desde o título falar de dentro. Sobretudo porque entendo que é do ponto de vista de dentro, que Dani se posiciona em seu trabalho. De dentro de um …

“Eu nasci para viver em movimento”, Marizilda Cruppe

Marizilda Cruppe é técnica em mecânica, abandonou o curso de engenharia para ser piloto de avião até descobrir sua vocação no fotojornalismo. Trabalhou no Jornal O Globo durante 4 anos até decidir migrar para a fotografia documental em 2011. Seu interesse por temas relacionados aos direitos humanos e civis, desigualdade social, doenças negligenciadas e meio-ambiente a fazem viajar pelo Brasil e pelo mundo trabalhando para  organizações como Greenpeace, Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Médicos sem Fronteiras. Soube de seu trabalho pela série mais recente de fotos de celular que ela faz das suas novas moradas. É que Marizilda não tem casa fixa, ela vai aonde a fotografia a leva. Andarilha no sentido literal da palavra, sua fala me encanta quando ela assume que nasceu mesmo para estar em movimento pois essa é a forma que ela consegue estar sempre presente: A: De onde surgiu a vontade de ser fotojornalista? M: Eu acho que o fotojornalismo sempre esteve no meu sangue. Em um período pré internet, morando numa cidade (Nova Iguaçu) sem museus, boas livrarias e até boas bancas de …

“É muito interessante a descentralização da produção cultural no Brasil”, Maureen Bisilliat

Era uma manhã de segunda feira quando fui convidada a acompanhar uma entrevista com Maureen Bisilliat, artista conhecida por sua importante contribuição à fotografia brasileira. Para a minha surpresa, Maureen topou prolongar a conversa e falar para o Andarilha, contando um pouco sobre suas mais recentes andanças; sem querer muito visitar o passado, mas sim curiosa, atenta às mudanças, vivendo o agora. Nos encontramos onde o antropólogo Darcy Ribeiro lhe deu a tarefa de caminhar pelo Brasil e por alguns países como Peru, Equador, Bolívia, Guatemala e México em busca de construir o acervo do Pavilhão da Criatividade, no Memorial da América Latina, em São Paulo. “O Darcy nos escolheu: eu, Jacques, meu marido, e o arquiteto Antonio Marcos Silva. Naquela época, viajávamos por estradas muito ruins; quanto mais difícil era o caminho, melhor, mais aventura, mais apreço às peças compradas. A ideia surgiu pois eu tinha feito muitas fotos para as revistas em lugares bem distantes e eu abria os caminhos para as pesquisas”. Fotos da série “Bumba-meu-boi na Festa de São João” (1978). Acerco …