Todas as publicações sobre: BrincanteAna

Brincante, por Guto Borges

Em uma festa do Boi no Morro do Querosene em São Paulo, uma amiga me disse: “vou ali brincar” e seguiu para a roda onde todos pulavam, dançavam, cantavam. Ouvir aquele verbo ser conjugado por adultos em territórios tão urbanos me causou um certo estranhamento. Estariam os corpos ocupantes das grandes cidades restritos aos shoppings e aos carros? Seriam eles “brincantes” apenas no carnaval e em algumas festas pontuais? Foi na fala do historiador Guto Borges sobre o carnaval de rua de Belo Horizonte que percebi: há muito que este corpo quer voltar a habitar às várias mãos, à pé, de bicicleta, de salto, de manhã ou à noite, na cidade, nas ruas, nas praças e, de preferência, de catraca livre. Afinal, o brincante é muito mais que um folião. Ele é o autor do não confinamento de seus desejos e manifestações  — expressão criativa de transformações importantes. Mas o que significa ser um brincante hoje? Foi então que começamos nossas pesquisas por aqui e com uma entrevista com o mineiro que é um dos agentes e brincantes do carnaval de rua de BH: Como foi a sua infância? Do …

Brincante, por Julio de Paula

Quem nos apresentou ao paisagista sonoro Julio de Paula foi a produtora cultural e radialista Biancamaria. De lá para cá, nos encantamos com o projeto Pai dos Burros, criado pela artista visual Teresa Berlinck em parceria com Julio, que traduz em imagens e sons cada página do Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo. Formado em Comunicação (Rádio e TV), Julio é diretor de programas da Rádio Cultura FM de São Paulo e editor de Supertônica, programa com Arrigo Barnabé. Boa parte da sua atuação profissional é também dedicada ao registro e salvaguarda de manifestos culturais e populares pelo Brasil e pela America Latina. Por aqui falamos sobre suas andanças e ganhamos um presente: uma trilha feita para o nosso Dicionário de Bolso especial “brincantes”: Como foi a sua infância e como você brincava? Passei minha infância nas ladeiras de uma pequena cidade do Vale do Paraíba. Como meus irmãos eram muito mais velhos do que eu, em casa eu brincava muito sozinho, passando bastante tempo com brinquedos de montar. E a inventar histórias com playmobil. Uma tia me incentivava a desenhar – o que por um certo tempo …

Brincante, por Gabriela Romeu

Já falamos do Infâncias através das fotos de seu colaborador Samuel Macedo. O projeto das jornalistas Gabriela Romeu e Marlene Peret é sempre a nossa principal fonte para falar sobre identidade brasileira através de quem está a reinventando: as crianças. Investigar o que é ser “brincante” é também entender a raiz desse termo em sua formação na nossa cultura. É na infância que acontecem as primeiras vivências dos pequenos em manifestações culturais. Que delícia é poder entrevistar Gabi sobre suas andanças e seu olhar tão afetivo e apaixonante pelos mais jovens brincantes do país: Como foi a sua infância? De onde surgiu o projeto Infâncias? Tive uma infância urbana periférica de pés descalços, sempre encardidos das brincadeiras de mãe-da-rua. Éramos os donos da rua. No bairro operário onde cresci, meninos e meninas viviam em bando, aos bandos. Umas das lembranças que tenho é uma enorme árvore, um chorão, que foi o pique da minha infância. Mas foi na infância vivida no corpo de minha mãe e de suas irmãs – todas mineiras, conversadeiras – que fiz minha primeira incursão …

Brincante, por Lucas Magalhães

Na Convocatória Brincante (realizada junto ao Coletivo Nação, com apoio da Revista Raiz), buscamos selecionar também jovens olhares, como o de Lucas Magalhães. O mineiro vivenciou em sua própria cidade, Belo Horizonte, na comunidade de Concórdia, manifestações culturais populares tradicionais do Congado. A relação com as crianças e com os jovens do local ressaltou a importância de seu olhar como também fotógrafo. Por aqui, entrevistamos mais sobre a sua pesquisa: Como você chegou até a comunidade de Concórdia, em Belo Horizonte? Cheguei ao Reinado Treze de Maio de Nossa Senhora do Rosário por meio de um projeto de pesquisa e extensão pela UEMG – Escola de Design. Durante a disciplina optativa “Antropologia Visual” do curso Bacharelado em Design Gráfico, conheci o trabalho da professora e pesquisadora Cristiane Gusmão Nery, que já vinha desenvolvendo projetos não só com o Reinado Treze de Maio, mas também com diversas Guardas de Reinado de Nossa Senhora do Rosário em Belo Horizonte e região (Ibirité, Prudente de Morais e Conselheiro Lafaiete são algumas cidades em que também estivemos presentes). O trabalho mais extenso …

Brincante, por Hélia Scheppa

Ao criarmos uma Convocatória sobre Brincantes, nossa vontade era mesmo de entender o cotidiano desse agente da cultura popular. Queríamos ir até a sua casa, tomar um café, ver onde ele dorme, como ele guarda sua fantasia, como ele se prepara para os ensaios, como. Como é meio e caminho – um jeito andarilho de olhar. Foi por isso que nos encantamos tanto com o ensaio de Hélia Scheppa, fotógrafa pernambucana conhecida pelas reportagens dos jornais locais. O ensaio “Seu Martelo” faz parte de uma reportagem junto ao jornalista Mateus Araujo para o Jornal do Comercio e conta a história de Sebastião, um dos mais antigos Mateus (palhaços) do Cavalo-marinho da Zona da Mata: “…ele rompeu os limites do popular e também já adentrou na dança contemporânea. Durante oito anos, dividiu a cena com o Grupo Grial de Dança, em espetáculos como A barca e Castanho sua cor. Martelo cobra o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco que nunca conseguiu receber do Governo do Estado e reclama que “é muito difícil ser Mateus, porque você não é valorizado”. No entanto, …