Todas as publicações sobre: Ambulante

Ambulantes, por Renata Marquez

Quando pensamos no tema Ambulante, nossa colaboradora da rede Andarilha, Anna Cunha,  sugeriu entrevistarmos a mineira Renata Marquez, doutora em Geografia, professora de Análise Crítica da Arte na UFMG e autora de diversos projetos que percorrem as temáticas territórios e arte; arquitetura e geografia. Sou fã do livro de bolso Domesticidades e de uma das suas contribuições para uma das melhores revistas sobre ocupação de espaço público, a Piseagrama. Por aqui, vamos falar sobre os trabahos Atlas Ambulante, Geografias Portáteis e investigar novos sentidos para a palavra “ambulante”: Por que fazer um atlas ambulante? Há melhor cartógrafo do que uma pessoa ambulante? Um atlas pressupõe a ambulância. Entretanto, se o mapa-múndi era redesenhado a cada nova viagem dos navios quinhentistas, isso pode nos fazer pensar duas coisas: uma, que ali havia muitos mundos outros que foram recusados, combatidos; e outra, que a cartografia era uma atividade diretamente ligada ao poder. Hoje, gostaríamos de subverter a recusa e o poder cartográfico: o simples ato de andar pela cidade pode revelar-se contra-cartográfico, no sentido de ser um poder …

Ambulantes, por Gabi Gusmão

Depois de ler o livro Rua dos Inventos de Gabi Gusmão, andar pelas ruas nunca mais foi do mesmo jeito. Todo o trabalho artístico de Gabi explora a relação entre natureza, espaço urbano e a dimensão temporal. Este, então, não poderia ser diferente. Toda a criatividade das ruas coletada por olhos atentos à riqueza Das gambiarras das bicicletas, carrinhos, isopores ambulantes ao mobiliário inventivo resultado de bricolagens e aglutinações de partes. Fico particularmente apaixonada pelos carrinhos de café da Bahia. Quando falamos em ambulante, este trabalho é o primeiro que me vem a mente: De onde surgiu a ideia de fazer o ensaio “Rua dos Inventos” que virou livro, exposições e site? A ideia foi se apresentando a cada esquina que eu dobrava e me surpreendia com a simplicidade das obras efêmeras que pareciam invisíveis ou desconfortáveis pra os demais passantes. Fui descobrindo o mundo através de um olhar para as traquitanas da rua e, claro, para os inventores perambulantes das traquitanas. Observar uma armação de objetos aparentemente precária me interessava mais do que muito produto embalado. Conte pra gente um pouco …

Dicionário de Bolso Andarilha

Querido Andarilho, Este é um Dicionário de Bolso para você levar em suas andanças. Enquanto muitos dicionários buscam uma definição para cada palavra, este caminha na desconstrução de significados do nosso vocabulário. Ambulante, Patuá , Ambulante… Cada palavra se abre para novos sentidos através da: • Música: por trilhas feitas pelo músico Barulhista; • Artes: por entrevistas com artistas feitas pela curadora Ana Luiza Gomes; • Literatura e Cinema: por dicas pela jornalista Cecília Garcia; • Cotidiano: por imagens do cotidiano de nossa Rede Andarilha pelo Brasil; Fica aqui o nosso convite. A cada palavra, busque um significado que é seu. Para você, o que é “brincante”? Mande para gente uma música, um livro, um filme, um trabalho artístico que te faz lembrar cada palavra: projetoandarilha@gmail.com.  E se, no seu dia a dia, você se esbarrar com uma palavra do nosso Dicionário, compartilhe com a gente um registro por imagem pelo #SouAndarilha: https://instagram.com/_andarilha_ Caminhamos juntos, Andarilha Foto: Viquitor Burgos

Livro: Estética da Ginga

Hélio Oiticica precisava de um nome, e não podia ser qualquer um. Tinha que ser um que se movesse, uma palavra ambulante e inquieta, para pôr numa obra que só existiria se no corpo que dança. De ônibus andando pelo Rio de Janeiro, ele viu uma estrutura que achou a coisa mais linda; a casa um mendigo, em estacas e brevidade. No dia seguinte, havia evaporado. Sobrara apenas a placa, Parangolé. No livro Estética da Ginga, a autora Paola Berenstein Jacques percorre com o leitor os caminhos tortuosos – por isso do samba – das favelas cariocas e sua profunda influência na criação de Hélio Oiticica. Foi na Mangueira que ele dissolveu-se em gente suada e conheceu o sexo. E foi nos labirintos das moradias perenes, por onde ambulava, que constitui-se artista, bravo, a construir para outros minotauros suas esculturas. A ginga não é só objeto de estudo, mas maneira de fazê-lo. O livro, como a obra de Oiticica, oferece margens mas não limites de interpretação. Paola usa desde o Labirinto de Borges até a …

Filme: A Câmara Fotográfica Nordestina

Dentro das malas de couro em Juazeiro do Norte, trepidando num ônibus acalorado, existindo dentro da pinhole, a câmara fotográfica do nordestino produz fotos que, não como outras, perambulam. No documentário de Joe Pimentel, andamos. Andamos com os romeiros, com os mortos e com os fotógrafos. Com quem entende da luz como se pudesse capturá-la entre os dedos, segurá-la como um diafragma para soltá-la e nascer em foto. São artistas do analógico: ainda fazem a foto como a foto foi inventada. Antes mesmo dela existir como captura da luz, mas também, a analógica por si só, a pintura, o curvar do pincel. Mas a feitura é muito humana, porque as pessoas que são fotografadas acham essa experiência uma preciosidade. É uma chance de estar com Padre Cícero, de sentir sua mão e benção, ter um céu azul, ou a alma híbrida entre retrato e pintura pendurada numa parede que subitamente, toda tons pasteis de verde e rosa, ganha jeito de relicário. De fato, a fotopintura é a lembrança da promessa cumprida, da romaria feita. São …