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O Museu no Balanço das Águas, por Maria Amélia Vieira

Quando li as primeiras histórias do Museu no Balanço das Águas, um museu itinerante que navega pelo baixo São Francisco promovendo exposições, oficinas e eventos de arte e educação. fiquei apaixonada. Hoje parte do acervo do barco/museu e da Galeria Karandash está exposta na “Arte das Alagoas”, na‪ #‎designweekendsp‬. Por isso, convidamos a idealizadora de tudo isso, a artista Maria Amélia Vieira, para nos contar um pouco mais sobre suas andanças a bordo do Santa Maria: Maria Amélia e Dalton embarcam para mais um dia andarilho. Meu marido Dalton e eu somos artistas plásticos, galeristas e colecionadores de arte. Vivemos e trabalhamos em Maceió no estado de Alagoas. Nesses trinta anos de parceria, a paixão pela arte popular e a vida se misturaram e fomos por aí, andarilhos, nos finais de semana, feriados e em todos os nossos momentos livres pelo nordeste brasileiro, mais precisamente nos cantos e recantos da nossa Alagoas, descobrindo e convivendo com artistas , adquirindo suas obras e divulgando suas produções. Enfrentamos muitas dificuldades, estradas mal tratadas, sol rachando na nossa pele, trilhas erradas, mordidas de insetos; mas estávamos sempre motivados por encontrar “algo” encantador, …

Selma Maria: “o meu território sou eu”

Conheci Selma pesquisando sobre gambiarras. As tais gambiarras que não se definem no dicionário mas no cotidiano brasileiro de quem improvisa para criar, de quem coleciona cacarecos e reinventa objetos, de quem tem muita história para contar. Essa é Selma. “Tridimensional”, descreveu uma amiga em comum. Difícil um texto e fotos transmitirem seu jeito ambulante de viver em poesia. Vou arriscar. Ela me disse que tudo começou assim, de ver seu pai de chinelo, olhando para os próprios pés, cabeça baixa, com o ouvido colado no rádio, escutando um jogo do Palmeiras. Herdou a paixão pelo futebol. Herdou a mania de colecionar chinelos. Herdou a busca constante pelo que ela chama de “homens rústicos”, esses que vão em busca de lhe ensinar como fazer um brinquedo. Na tentativa de dar respostas às minhas perguntas, Selma entende muito sobre suas próprias andanças, sobre as suas pesquisas sobre brinquedos pelos sertões brasileiros, sobre suas coleções de objetos cotidianos, sobre sua paixão por palavras, poemas e livros, sobre sua vida para contar histórias. Seus carrinhos de exposições ambulantes Seu pai …

Louriza: uma “ideiera” por definição

A melhor forma de começar Andarilha é aqui: Mato Grosso. Onde viveu grande parte de sua vida, minha avó. De nordestina tinha meio e o outro meio, desconfio, era mineiro. Já o seu coração era inteirinho esse calor. “Você é neta de Josélia? Você se parece com sua vó”. Recebi o elogio com dentes amarelos de quem emenda o café com o almoço e a janta de tanto saborear a terra da farofa de banana. Assim conheci Louriza, coordenadora do núcleo “Bordadeiras da Chapada dos Guimarães”. Se perguntá-la, ela dirá que é  “ideiera”, como dizia seu pai quando ela, de pequena, já inventava e imaginava palavras, coisas, cores. Antes de abrir as portas de sede das bordadeiras, Iza, como é carinhosamente chamada, nos convida para um copo d’água em sua casa. Espio 3 ambientes de cozinha, uma com fogão a gás, outro com fogão a lenha e um último com um forno de barro. “Você gosta de cozinhar, é isso?” fico curiosa. “Gosto de cozinha. Mas gosto mais mesmo é de reciclar as coisas. Veja esta porta: madeira de carroceria de caminhão. Tudo o …