Todas as publicações sobre: Andarilhos

Petrônio e Yang: pai e filho esculpindo imaginários

Na estrada para Ilha do Ferro, Alagoas, avista-se o sítio Estrelo onde as obras de José Petrônio Farias dos Anjos são enfileiradas já no caminho de entrada para dizer: “bem vindos, aqui mora um artesão”. Ficamos na vontade de parar, mas só no retorno a Pão de Açúcar fomos fazer a visita. É ele quem acena para a gente entrar com um largo sorriso no rosto: “vocês passaram por aqui na segunda, não foi? eu avistei vocês”. Logo abre sua casa e mostra seu trabalho: cadeiras, bancos, mesas. Aprendeu com Mestre Fernando Rodrigues, já falecido artesão da Ilha, famoso por suas cadeiras de troncos retorcidos, importante incentivador de todos a fazer arte com a madeira. Petrônio conta que recebeu, certo dia, um desafio de Seu Fernando: “faça-me ex-votos de encomenda”. Pois fez e não parou mais.  O fantástico mundo das esculturas de Petrônio Farias. Gosto de tudo que vejo mas fico mesmo é curiosa com suas esculturas da entrada. Bichos de duas cabeças, olhos arregalados amarelados, dentes afiados, corpos retorcidos, cílios grandes, boca vermelha de sangue. “Minha arte é difícil de vender por que …

Louriza: uma “ideiera” por definição

A melhor forma de começar Andarilha é aqui: Mato Grosso. Onde viveu grande parte de sua vida, minha avó. De nordestina tinha meio e o outro meio, desconfio, era mineiro. Já o seu coração era inteirinho esse calor. “Você é neta de Josélia? Você se parece com sua vó”. Recebi o elogio com dentes amarelos de quem emenda o café com o almoço e a janta de tanto saborear a terra da farofa de banana. Assim conheci Louriza, coordenadora do núcleo “Bordadeiras da Chapada dos Guimarães”. Se perguntá-la, ela dirá que é  “ideiera”, como dizia seu pai quando ela, de pequena, já inventava e imaginava palavras, coisas, cores. Antes de abrir as portas de sede das bordadeiras, Iza, como é carinhosamente chamada, nos convida para um copo d’água em sua casa. Espio 3 ambientes de cozinha, uma com fogão a gás, outro com fogão a lenha e um último com um forno de barro. “Você gosta de cozinhar, é isso?” fico curiosa. “Gosto de cozinha. Mas gosto mais mesmo é de reciclar as coisas. Veja esta porta: madeira de carroceria de caminhão. Tudo o …